terça-feira, 23 de junho de 2015

Conversa suja entrevista drag queen Tchaka pastor marco feliciano e ator pornô kid bengala

http://conversasuja.tumblr.com/ WhatsApp 11 991327750 www.tchaka.com.br Www.conversasuja.tumblr.com Jornalista Anna Virgínia Balloussier conseguiu tirar de mim pérolas sobre carreira, amores, futuro. Matéria ficou jovem, reveladora e muito humana, muito obrigada. Imagem incrível do fotógrafo Gabriel Cabral. Saiba por exemplo como fiz para conquistar meu marido Chef Carlito na antiga Boate Nostro mundo à 15 anos atrás. “  “Aquendar a neca", aquele truque usado por drag queens e travestis para esconder o pênis, sempre foi um problema menor para Valder Bastos. “O meu já é tão pequenininho, praticamente um relevo. Às vezes viro pro Carlos e brinco, ‘ai, amor, vamos comer sopa de ervilha’”, diz o criador de Tchaka, a “Nossa Senhora Protetora das Festas” no Translendário 2014. A criatura ganhou vida própria e hoje é uma das drags mais famosas de São Paulo. Passar despercebida não é uma opção. Tchaka é grandona e espalhafatosa, como se a Joelma do Calypso tivesse tomado Whey Protein de café da manhã pelos últimos 45 anos. O ritual para virar Tchaka é “fisicamente estressante”, conta Valder. Com uma massa alemã chamada “doce de leite”, ele esconde a sobrancelha natural e desenha um traço preto grosso e bem arqueado por cima. Entope o rosto de pó facial e moldura os olhos castanhos com três cílios postiços (dois em cima e um embaixo). O estojo de sombras vem com tantas tonalidades quanto um livro de colorir para amantes de LSD. Seus tutus de bailarina vêm em cores que poderiam batizar uma cartela “Chernobyl”. Tem mais de 30 perucas, todas megalomaníacas, como se Maria Antonieta resolvesse renovar seu acervo num saldão da Parada Gay. A que Tchaka usou numa feira LGBT recente homenageava a Boticário: um emaranhado de fios sintéticos louros com 15 centímetros de altura, rosas vermelhas artificiais, borboletas de plástico e produtos da marca de cosméticos espinafrada por evangélicos após divulgar uma campanha com casais do mesmo sexo se abraçando ao som de “Toda Forma de Amor”, de Lulu Santos. Na teoria, Valder sempre acreditou em todas as formas de amor. Na prática, era um “rapaz tímido que namorava uma garota, achava que ia casar, ter filhos e seguir com uma vida de mentiras”. Como os pais sonhavam com um filho promotor, formou-se advogado na particular Universidade Braz Cubas, em Mogi das Cruzes. “Peguei diploma, entreguei pra mamis e disse: ‘Agora me deixa que eu vou me jogar nas artes’. Tchaka nasceu no Réveillon de 2000 para 2001. Formado na escola de teatro Macunaíma, Valder distribuía flyers na porta da Nostromondo. Aberto em 1971, o castelinho na rua da Consolação era conhecido como a noite LGBT mais antiga da América do Sul. Foi lá que confundiram Adriane Galisteu, em início da carreira, com uma drag queen até bem convincente. Para se destacar naquele fuzuê de glitter, o panfleteiro Valder precisava de mais. Muito mais. Os amigos o convenceram a se montar. Na rua 25 de Março, acharam tecidos esvoançantes. Jogaram pó na barba cerrada de Valder, que ainda não tinha feito tratamento a laser contra os pelos indesejados, e usaram pasta de dente (que acabou derretendo) para maquiar as pálpebras da recém-nascida drag. “Fiquei horrível”, relembra. Horrível e com a macaca: ganhou o apelido de Tchaka, “como o macaquinho muito feio” da série de TV “O Elo Perdido” (1974-76). A Nostromondo fechou no ano passado. Catorze anos antes, mais precisamente no 29 de junho de 2000, Valder viu “um moleque engomadinho, com topetinho”, que chegou a estudar para ser padre, na pista. “Quero engravidar deste homem”, decidiu na lata. Ele, que como funcionário da boate só tinha direito a uma Coca-Cola e olhe lá, botou banca de quem podia pagar a bebida que Carlos quisesse. Ele recusou. Valder não se deu por vencido: saiu correndo atrás do pretendente, que esperava o ônibus para Embu das Artes. "Ficamos no meio da Consolação, foi um furdunço.” Hoje o casal mora na rua Augusta com o “yorkshire vira-lata” Jujuba, uma família feliz rodeada de estatuetas como o Troféu Arrasa 2015 e a réplica do pênis de Valder caracterizada como travesti. Enquanto oferece chocolates “extra dark” em forma de concha, da belga Guylian, Valder (na pele de Tchaka) rememora a chegada nada doce na região, “quando eram umas 40 casas prostituição por metro quadrado”. Os leões de chácara a azucrinavam: - Vai jogar bola, João! Vira homem, viado! O viado que se veste de mulher e nunca deixou de ser homem hoje tem moral. É dono da Agência de Animação Tchaka Eventos, que oferece “palestras motivacionais” por R$ 600 a R$ 4.800 (para clientes como Shell e Dudalina) e conta com uma trupe de go-go boys, anões, comediantes de “stand-up” e outras drags “no estilo Tchaka de ser”. “Agora os seguranças estão lá gritando ‘vamos entrar, bucetada na promoção’, me veem e cumprimentam a ‘dona Tchaka’”, diz. Contra o preconceito, prefere oferecer a cara com blush a tapa. Valder lembra de quando uma mulher contratou sua personagem para animar a festa de 30 anos do marido, num buffet infantil em Moema. “Camisa bege, sapato bege, calça bege, meia bege. O homem 'nude’ nem olhou na minha cara.” Antes de partir, disse à esposa: “Boa sorte. Só fiquei 10 minutos com ele, mas você vai passar a vida toda ao seu lado”. Passar a vida toda com Carlos, o marido, é um sonho ainda incompleto. Falta a filha que irão adotar. “Ela já nasceu, a gente só não encontrou ainda.” Vai se chamar Maria Antônia e dará “uma ministra da Justiça bem louca”, aposta. Justiça seja feita.  ”

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